Recentemente,
após a cirurgia que passei o médico deu-me um prazo de noventa dias para poder
fazer alguma coisa, no mais tenho que fazer os exercícios respiratórios e os
exercícios físicos de braços e pernas todos os dias e acrescentou ainda, que
posso andar um quarteirão e ir aumentando de acordo com a minha resistência e
não abusar. Assim eu fico o resto do dia entregue aos meus pensamentos.
Pensar
é o meu forte, mas na atividade normal de trabalho conforme os casos vão se apresentando
eu vou resolvendo-os, agora só que não está aparecendo muitos casos, então eu
me entrego à recordação da minha vida, de repente lembrei-me de um acontecido
comigo, eu devia ter uns doze anos, o senhor Sebastião, era um mendigo, como
sempre muito amigo e tinha uma ferida na perna direita que ninguém conseguia
curá-la, eu passei a energizar a água para ele passar na perna, mas a ferida
estava muito profunda dava para ver o osso e eu fazia os curativos nele, levava
o almoço e a janta para ele.
Nós
tínhamos uma vizinha que fornecia marmita, era uma senhora de cor negra e
gorda, uma excelente cozinheira, eu conversei com ela sobre ele e ela se
interessou em conhecer o senhor Sebastião (ela que fornecia as refeições).
O
senhor Sebastião, contava com 52 anos, e a dona Leonor, 50, sem filhos e viúva,
mas logo percebi algum interesse dele pela dona Leonor. Como não era da minha
conta, fiquei calado e depois de um tempo o senhor Sebastião ficou bom da
ferida da perna, mas ficou uma fenda no lugar, e não podia fazer muito esforço.
Também
como vizinhos tínhamos uma família rica com duas filhas, a Iracema e a Izabel,
gêmeas, muito bonitas e peraltas.
O
senhor Sebastião passou a trabalhar com a dona Leonor como entregador de marmitas.
Um belo dia voltando viu uma multidão em frente à casa das gêmeas, olhando para
cima, estavam todos em desespero, inclusive eu. Foi que Izabel uma das gêmeas,
não sei como, subiu no telhado da casa, só que a casa em que residiam era de
dois pavimentos, um sobrado.
Quando
ele viu a menina lá em cima com as perninhas para fora ele também entrou em
polvorosa e a menina gritava que queria fazer xixi, todo mundo gritava para ela
aqui em baixo:- “Não se mexe”, e o
senhor Sebastião falou: - Vou subir, se
ela subiu, eu também vou subir.
Eu
falei: “Olha sua perna”, ele me
responde: “Eu vou tomar cuidado”.
Quando estava se dirigindo ao local para subir, a menina se despencou lá de
cima, ele correu e a amparou nos seus braços, com o peso da menina que devia
ter uns dez anos ele caiu de joelhos, mas segurando ela nos braços, aí os pais chegaram,
pegaram a filha e deixaram o senhor Sebastião lá estendido e nós o acudimos.
Dona
Leonor também era vizinha do senhor Romão.
Nunca
vieram para agradecer e perguntar se ele tinha se machucado. A recuperação do
senhor Sebastião não foi fácil porque além de tirar a clavícula do lugar também
deslocou a coluna. Ficou paralisado não podia manter um médico, entrou quem? Eu,
no tratamento dele lembro-me quando ele ficou bom, eu tinha uns quinze anos.
Sebastião
tornou-se um excelente cozinheiro, ele e Leonor já viviam juntos maritalmente,
resolveram se casar e oficializar essa união. É uma história bonita, eles
viveram muitos anos juntos e dona Leonor desencarnou antes e ele aumentou muito
a clientela, fornecia mais de sessenta marmitas diárias.
O
entregador das marmitas era o senhor Romão e a sua auxiliar de cozinha, era a
esposa dele, dona Alice. Era o senhor Sebastião que pagava os estudos de Izabel
e Iracema, as formou e nas horas vagas elas lavavam as louças e as panelas, o
senhor Sebastião veio a desencarnar com problema cardíaco devido ter amparado a
Izabel quando caiu do sobrado.
Antes
do desencarne Sebastião falou as seguintes palavras para Romão: “Eu
fui feliz e você nunca o foi.”
O
senhor Romão após a morte do Sebastião assumiu o negócio das marmitas e a sua
esposa Alice fazia a comida e ele entregava.
O
senhor Romão voltou a melhorar sua situação financeira, só que uma coisa ele
não perdeu apenas reencontrou – o “orgulho”, nem ele nem Alice, Izabel e
Iracema, nunca olharam para Sebastião com gratidão, sempre olharam para ele como
um negro fedorento.
O
senhor Romão ficou bem na vida e perdeu tudo novamente. Desencarnou num asilo e
a sua esposa Alice também, Iracema e Izabel caíram na prostituição; se elas vivem
ainda não sei, mas uma coisa eu aprendi o excesso de orgulho primeiro derruba
depois faz desencarnar só.
Espero
assim, que aprendam algo com essa história.
Abraços
Professor
Espiritualista Florêncio Antônio Lopes
Graduado
Senhor-Mestre
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