Aceite minha homenagem Benedito Silva, meu
amigo de infância. No dia 17 de fevereiro de 2013, há setenta anos não me
esqueço, era carnaval.
Ditinho como nós o chamava, veio me convidar
para brincar no carnaval, propôs em subirmos na carroceria do caminhão para
jogar água nos foliões.
Antigamente, esse era um processo de alegria
que os caminhoneiros se organizavam e iam com diversos tambores de água para
jogar no povão que pulavam nas ruas. O carnaval, era uma alegria só, era um
prazer.
Quando Dito me convidou para ir, apesar de
termos sete anos, eu recusei e disse a ele para não ir, porque poderia
acontecer alguma coisa ruim para ele, ficando muito bravo e retrucou: “É
carnaval Florêncio e a minha mãe me deixou ir à praça, até comprou serpentinas!”.
Era um menino de cor negra, alegre e muito
esperto, parecia que tinha molas nos pés, conversava com a gente pulando.
Dessa vez eu tenho que agradecer aquele tio
que só me dava castigo, porque ele me pôs de castigo, no carnaval todinho para
trabalhar, eu tinha que trazer dinheiro em casa. O Ditinho me falou:
- Engana o seu tio!
E eu lhe respondi:
- Como? Tenho que trazer o dinheiro para ele
dos doces que eu tenho que vender.
O Ditinho retrucou:
- Eu vou pegar o caminhão, vou me divertir e
vou me encontrar com você depois para ajudá-lo a vender os doces.
Assim nos despedimos, mas, eu senti um aperto
no peito seria a última vez que eu ia ver o Ditinho, aí fui até a casa dele e
falei com a sua mãe, para ela não deixá-lo pegar a rabeira do caminhão no
carnaval, apesar do veículo andar devagar, seria muito perigoso pegar a rabeira
com o caminhão andando, e ela sem falar nada para ele o colocou de castigo.
E o castigo era o seguinte: vestia ele de
menina e escondia toda roupa dele, ele ficava com vergonha e não punha o nariz
no portão.
Dona Teresa, a mãe do Ditinho saiu para
trabalhar, quando deu 16h no relógio Ditinho estava vestido de menina, não teve
dúvida pegou o pó de arroz da sua mãe passou no rosto, o botão passou nos
lábios e correu para a praça XV de novembro, na Rua Duque de Caxias, aonde ia
pegar o caminhão.
Era aquela fila de caminhões, um atrás do
outro, e a ordem era pegar a parte traseira da carroceria para subir, quando a
parte traseira tinha muita gente e muitos subiam pelas laterais da carroceria, Ditinho
até que de certo modo conseguiu alcançar o caminhão através da carroceria, mas alguém
bateu com alguma coisa nos seus dedos, ele caiu e a roda traseira do caminhão
passou em cima da sua cabeça.
Esse fatídico domingo de carnaval nunca
esqueço quando a noticia chegou a mim, não quis ir ao velório e nem no enterro.
Ditinho foi meu primeiro amigo, eu nunca me
esqueço dele, não tanto da morte, e sim, da alegria que ele tinha.
Quando a sua mãe o colocava de castigo normalmente,
eu pedia pra ele abrir bem as pernas e costurava o seu vestido ladeando as
pernas, parecia que ele estava vestido com uma calça e assim a gente brincava
sem a mãe dele saber.
Uma amizade assim não dá para
esquecer, não é? Depois de 70 anos fica aí, minha homenagem a você Ditinho – meu
amigão.
Abraços
Senhor-Mestre
e Prof. Espiritualista Florêncio Antonio Lopes
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